segunda-feira, 24 de março de 2008

Jardim Botânico

Homem estendido na grama. Contorce-se. Raízes surgem e contornam seu corpo. Lentamente. Não consegue mover-se. É impossível evitar. Pequenos brotos penetram em seus olhos, nariz, boca, garganta. Invadem todos os membros, enroscam-se ensandecidos. Sua cabeça é coroada por cactos com suas flores miudinhas, multicores. Seus olhos explodem e desabrocham em rosas amarelas. Nos orifícios do nariz surgem margaridas vermelhas do sangue do homem. Das orelhas saem begônias marrons. Na boca há musgo esbranquiçado. Em seu coração brota um ipê-roxo. Em cada mão aparece um girassol azul. Hortênsias furta-cores enfeitam seu tronco. As pernas são torneadas por bromélias negras. Seus pés transformam-se em tulipas douradas. As flores sugam a energia vital daquele ser e tornam-se belas.

O homem agora faz parte da paisagem. Realmente, já não é homem. Pertence ao Planeta Azul. É terra, raiz, folha e flores. Frutificará.

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