quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Música que o Cuspe diz ser minha cara heaheaheaheaeahaeharher

Lado Lunar
Rui Veloso
Composição: Carlos Tê / Rui Veloso

Não me mostres o teu lado feliz
A luz do teu rosto quando sorris
Faz-me crer que tudo em ti é risonho
Como se viesses do fundo de um sonho

Não me abras assim o teu mundo
O teu lado solar só dura um segundo
Não e por ele que te quero amar
Embora seja ele que me esteja a enganar

[Refrão]

Toda a alma tem uma face negra
Nem eu nem tu fugimos à regra
Tiremos à expressão todo o dramatismo
Por ser para ti eu uso um eufemismo
Chamemos-lhe apenas o lado lunar
Mostra-me o teu lado lunar

Desvenda-me o teu lado malsão
O túnel secreto a loja de horrores
A arca escondida debaixo do chão
Com poeira de sonhos e ruínas de amor

Eu hei-de te amar por esse lado escuro
Com lados felizes eu já não me iludo
Se resistir à treva é um amor seguro
à prova de bala à prova de tudo

[refrão]

Mostra-me o avesso da tua alma
Conhecê-lo e tudo o que eu preciso
Para poder gostar mais dessa luz falsa
Que ilumina as arcadas do teu sorriso

Não é por ela que te quero amar
Embora seja ela que me vai enganar
Se mostrares agora o teu lado lunar
Mesmo às escuras eu não vou reclamar

segunda-feira, 24 de março de 2008

Vãs

Tédio das horas incertas.

Deveríamos ser mais úteis

Dá um sono...

E o mundo roda.

Poderíamos então estar bailando

Mas o corpo é cansado

E a vida “flash”...

Gostaríamos de beber absinto

Mas o copo é pesado

Brincaríamos de fazer compras!

Porém a moeda é longínqua.

Melhor sorrir da preguiça

E convidá-la pra jantar

(Comer é preciso).

Último Encontro

Enrosco de braços e pernas

Abraços

Meu seio, seu laço.

Amassas, espalhas, molhas, sugas.

Raio de sol que toca sua pele na minha.

A neve a flutuar

Calor no enlaço do seu rastro

Que fica em mim

Marca minha ferida que sangra

E a Deusa a tudo vê e abençoa

Como um sagrado ato de amor

Compartilhado com o céu e as montanhas

Eterno, porém momentâneo.

Único.

“Redundâncias”

Todo poeta é triste

Não me venham com besteiras

de alegria.

A inspiração vem da tristeza do fundo do ser

E não há antidepressivo que cure

Podem dizer e escrever o contrário

Quero ver quem prova!

E tristeza perdida é tristeza vazia

que não tem por bem nem por ter

Sem querer.

“Alforria”

Sangra-lhe a negra o peito

Dos males que foram feitos

Não há remédio que cure

A dor que se afigura

No semblante do sinhô

Valha-lhe Deus Xangô

Um arremedo de amor

Pelo sonho que chegou

Que na morte se encantou

Assim que o dia raiou.

“Solstício tardio”

Lua de outono

Aurora

Dias bonitos, felizes, ensolarados.

Ensandecidos? Que bom! Que seja sempre assim.

O frio longe, a perder de vista. Vento em outras regiões. Qual neve o quê! Aqui o calor.

Se bem que o vento... Bem, o vento é o vento. Nada muda. Já deveríamos saber.

“Possível”

Desgosto de querer e não saber.

Está e foge. Existe, mas nunca é experimentado.

Quase alcanço, quase toco.

Está lá. Está!

Pega, fica. Comigo, aqui.

Ama, liberta. Age.

Existe e não surge.

Vazio.

Nada.