Lado Lunar
Rui Veloso
Composição: Carlos Tê / Rui Veloso
Não me mostres o teu lado feliz
A luz do teu rosto quando sorris
Faz-me crer que tudo em ti é risonho
Como se viesses do fundo de um sonho
Não me abras assim o teu mundo
O teu lado solar só dura um segundo
Não e por ele que te quero amar
Embora seja ele que me esteja a enganar
[Refrão]
Toda a alma tem uma face negra
Nem eu nem tu fugimos à regra
Tiremos à expressão todo o dramatismo
Por ser para ti eu uso um eufemismo
Chamemos-lhe apenas o lado lunar
Mostra-me o teu lado lunar
Desvenda-me o teu lado malsão
O túnel secreto a loja de horrores
A arca escondida debaixo do chão
Com poeira de sonhos e ruínas de amor
Eu hei-de te amar por esse lado escuro
Com lados felizes eu já não me iludo
Se resistir à treva é um amor seguro
à prova de bala à prova de tudo
[refrão]
Mostra-me o avesso da tua alma
Conhecê-lo e tudo o que eu preciso
Para poder gostar mais dessa luz falsa
Que ilumina as arcadas do teu sorriso
Não é por ela que te quero amar
Embora seja ela que me vai enganar
Se mostrares agora o teu lado lunar
Mesmo às escuras eu não vou reclamar
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
segunda-feira, 24 de março de 2008
Vãs
Tédio das horas incertas.
Deveríamos ser mais úteis
Dá um sono...
E o mundo roda.
Poderíamos então estar bailando
Mas o corpo é cansado
E a vida “flash”...
Gostaríamos de beber absinto
Mas o copo é pesado
Brincaríamos de fazer compras!
Porém a moeda é longínqua.
Melhor sorrir da preguiça
E convidá-la pra jantar
(Comer é preciso).
Deveríamos ser mais úteis
Dá um sono...
E o mundo roda.
Poderíamos então estar bailando
Mas o corpo é cansado
E a vida “flash”...
Gostaríamos de beber absinto
Mas o copo é pesado
Brincaríamos de fazer compras!
Porém a moeda é longínqua.
Melhor sorrir da preguiça
E convidá-la pra jantar
(Comer é preciso).
Último Encontro
Enrosco de braços e pernas
Abraços
Meu seio, seu laço.
Amassas, espalhas, molhas, sugas.
Raio de sol que toca sua pele na minha.
A neve a flutuar
Calor no enlaço do seu rastro
Que fica em mim
Marca minha ferida que sangra
E a Deusa a tudo vê e abençoa
Como um sagrado ato de amor
Compartilhado com o céu e as montanhas
Eterno, porém momentâneo.
Único.
Abraços
Meu seio, seu laço.
Amassas, espalhas, molhas, sugas.
Raio de sol que toca sua pele na minha.
A neve a flutuar
Calor no enlaço do seu rastro
Que fica em mim
Marca minha ferida que sangra
E a Deusa a tudo vê e abençoa
Como um sagrado ato de amor
Compartilhado com o céu e as montanhas
Eterno, porém momentâneo.
Único.
“Redundâncias”
Todo poeta é triste
Não me venham com besteiras
de alegria.
A inspiração vem da tristeza do fundo do ser
E não há antidepressivo que cure
Podem dizer e escrever o contrário
Quero ver quem prova!
E tristeza perdida é tristeza vazia
que não tem por bem nem por ter
Sem querer.
Não me venham com besteiras
de alegria.
A inspiração vem da tristeza do fundo do ser
E não há antidepressivo que cure
Podem dizer e escrever o contrário
Quero ver quem prova!
E tristeza perdida é tristeza vazia
que não tem por bem nem por ter
Sem querer.
“Alforria”
Sangra-lhe a negra o peito
Dos males que foram feitos
Não há remédio que cure
A dor que se afigura
No semblante do sinhô
Valha-lhe Deus Xangô
Um arremedo de amor
Pelo sonho que chegou
Que na morte se encantou
Assim que o dia raiou.
Dos males que foram feitos
Não há remédio que cure
A dor que se afigura
No semblante do sinhô
Valha-lhe Deus Xangô
Um arremedo de amor
Pelo sonho que chegou
Que na morte se encantou
Assim que o dia raiou.
“Solstício tardio”
Lua de outono
Aurora
Dias bonitos, felizes, ensolarados.
Ensandecidos? Que bom! Que seja sempre assim.
O frio longe, a perder de vista. Vento em outras regiões. Qual neve o quê! Aqui o calor.
Se bem que o vento... Bem, o vento é o vento. Nada muda. Já deveríamos saber.
Aurora
Dias bonitos, felizes, ensolarados.
Ensandecidos? Que bom! Que seja sempre assim.
O frio longe, a perder de vista. Vento em outras regiões. Qual neve o quê! Aqui o calor.
Se bem que o vento... Bem, o vento é o vento. Nada muda. Já deveríamos saber.
“Possível”
Desgosto de querer e não saber.
Está e foge. Existe, mas nunca é experimentado.
Quase alcanço, quase toco.
Está lá. Está!
Pega, fica. Comigo, aqui.
Ama, liberta. Age.
Existe e não surge.
Vazio.
Nada.
Está e foge. Existe, mas nunca é experimentado.
Quase alcanço, quase toco.
Está lá. Está!
Pega, fica. Comigo, aqui.
Ama, liberta. Age.
Existe e não surge.
Vazio.
Nada.
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