quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Afinal, quem sou eu? Uma explicação... não minha, não sei me explicar... é do Rodrigo (www.rodrigoghedin.com.br)

Só copiei aqui tudo que ele publicou na página dele, não sei se pode, mas acho que como estou avisando que não fui eu que escrevi, não deve ter problema. Se alguém ler isto me corrija se estou errada.

"Diclonius, vectors e lembranças: divagações sobre Elfen Lied - 22 de setembro de 2006"

http://www.rodrigoghedin.com.br/

"Wolverine, dos X-Men, é um personagem violento. Isso é evidente graças ao seu esqueleto de adamantium, suas garras retráteis e, principalmente, sua personalidade. Entretanto, tanto no desenho clássico, quanto no Evolution, nunca vi ele cortar ninguém. E por quê? Sei lá, pudor barato, ou qualquer bobagem do tipo. Lucy, de Elfen Lied, é violenta também. Porém, ela dilacera corpos, arranca cabeças, mata sem dó. Tudo isso é mostrado sem censura na tela, sangue jorra, impossível não sentir o impacto. Esta é uma das várias características marcantes de Elfen Lied, um dos desenhos mais bacanas que vi nos últimos tempos.
Novas desculpas aos leitores regulares do meu blog, mas este é mais um post do tipo “só-leia-se-já-assistiu”. Há muitos spoilers, sem contar que, sem assistir o anime, fica meio complicado entender o que escreverei. Ok?
Antes de adentrarmos ao mérito, tenho que escrever algo que tive vontade desde que assisti o primeiro capítulo: a abertura de Elfen Lied é a mais bela que já vi. A parte visual, baseada na obra O Beijo, do austríaco Gustav Klimt, a música incrivelmente linda (Lilium, de Kumiko Noma), cuja letra é em latim, tudo combinando, numa harmonia sem precedentes. Ficou curioso? Veja por si mesmo (ou relembre):



A história começa simples. Num aparentemente futuro próximo, uma raça mutante surge. Trata-se dos diclonius, que se diferem de humanos normais por apresentarem um par de chifres (detalhe este que é o significado da designação), braços invisíveis extremamente poderosos, chamados vectors, e um sexto sentido aguçado, que lhes dá a capacidade de “sentir” a presença de outros diclonius próximos. Uma organização mantém todos os diclonius enclausurados, fazendo pesquisas e experimentos com eles, sem, pelo menos no início da história, um motivo claro. Num dia qualquer, Lucy, uma das mais poderosas diclonius, escapa. Após matar uma leva de soldados do local, ela é atingida na cabeça por um tiro de sniper, e cai no mar… Quando acorda, encontra-se nua, na beira da praia, frente a dois primos, Yuka e Kouta. Por algum motivo que arrisco ser o impacto do tiro em sua cabeça, Lucy apresenta outra personalidade, absolutamente infantil, e perde a capacidade de falar. A única coisa que consegue pronunciar é Nyuu, e por causa disso, Kouta e Yuka a batizam-na assim. E a levam para casa, também.

Não preciso escrever que o pessoal do laboratório, do qual Lucy fugiu, vai atrás dela, não? A raíz da história é o parágrafo acima. Ela é complexa, mas felizmente corre livre, sem muitas amarras, ou partes dispensáveis. Talvez isso explique o reduzido número de episódios: são apenas treze, mais um OVA (o episódio catorze). Por um lado, isso é bom, pois o desenvolvimento da trama é mais ágil, e não tem partes dispensáveis. Mas, talvez, com mais episódios o desenvolvimento e a abertura dos personagens fossem maiores… Enfim, independente disso, o anime consegue ser denso, atraente, interessante.

Sem sombra de dúvida, violência e nudez são os aspectos mais chamativos do anime num primeiro momento. E paradoxalmente, não o tornam vulgar, ou diminuem sua qualidade; pelo contrário, são pontos bem trabalhados, e que, além de terem razão de ser, dizem de forma bem clara: “xô, crianças!”. Definitivamente, Elfen Lied não é um desenho infantil. É adulto. E não há sequer chance de que alguém fique em dúvida em relação a isso, como em Evangelion, por exemplo: os primeiros minutos do primeiro episódio já deixam claro o escopo do anime. Só fico imaginando como a Globo deceparia Elfen Lied para exibi-lo por aqui… Daria, com os cortes, para condensar os treze episódios num só!



Choque é a palavra de ordem no desenho. Cenas como o passado de Mayu, vítima de um padrasto pedófilo, ou a morte do cachorrinho de Lucy, num flashback, são bárbaras. E criam um gancho para a raiva de Lucy em relação à humanidade. Adentrando no terreno especulativo, arrisco dizer que Elfen Lied é uma crítica ferrenha às debilidades e imperfeições grotescas dos seres humanos.

Os flashbacks dos episódios finais são reveladores, e mostra como aspectos externos e mal-entendidos moldam o caráter de uma pessoa. A cena final, com Lucy e Kouta, então… Ela é perfeita, coroa com maestria um anime cult, dotado de bom gosto até a medula.



O final mesmo deixa a dúvida no ar, se Lucy está morta ou não. Fui seco no OVA, vulgo episódio catorze, achando que ali haveria a explicação, mas infelizmente ele não acrescenta nada. Até o fan-subber concorda comigo, vejam:



É difícil encontrar uma mensagem, ou uma lição de moral, em Elfen Lied. Há, isso é inegável, mas dada a complexidade da história, o bombardeio de questões que são emitidas ao telespectador, os extremos mostrados de forma crua, fica difícil chegar a uma conclusão concreta, certinha. Particularmente, tirei a que as pessoas, em geral, não prestam, mas que, seguindo aquele velho ditado, não se pode generalizar, ainda que apenas um, no caso Kouta aos olhos de Lucy, se salve. No caos atual, trata-se apenas da ratificação de um sentimento que torna-se cada vez mais presente na sociedade, infelizmente. Pode ser que esta conclusão seja absolutamente equivocada, e essa possibilidade existe, mas, como disse, o final aberto e a complexidade da história me permitem isso, me permitem errar.

Fica aqui a dica de uma excelente obra de arte, digna de figurar ao lado dos grandes animes da terra do sol nascente. Não sei se, dentre os otakus, há um hype em torno de Elfen Lied, mas afirmo, com segurança plena, que é um anime que vale a pena. E muito.

E, fica aqui também, o convite à discussão; a possibilidade de gerar um debate tão legal quanto o de Evangelion me faz reincidir no pecado de pedir comentários. Só não extrapolem para a pirataria, ok? Comentários do tipo será editados sumariamente."

Um comentário:

Unknown disse...

Concordo em partes com seu ponto de vista, mas acho que vai além disso...

o que eu acho que o criador quis passar e passou, de forma muito adequada embora muito disfarçada, foi que tudo na vida é uma questão de ponto de vista... referencial... etc...

No começo quando vimos Lucy matando todos aqueles guardas e pessoas, achamos que ela seria um ser "do mal", mesmo quando ela está com Kouta e Yuka ainda achamos isso, pois quando ela deicha de ser Nyu e passa a ser Lucy achamos que ela vai mata-los ou coisa do genero...

E o que o autor faz até o fim do anime... é provar que uma pessoa apesar de suas ações nem sempre é má(um raciocínio muito similar pode ser utilizado com a personagem Kurama). Tanto Lucy quanto Kurama achavam que estavam certos no que estavam fazendo, mas nenhum deles eram maus. Lucy apenas matava os outros porque em sua criação não aprendeu como se matar os outros fosse errado, mas sim que a vida era como uma cadeia alimentar, com cada um tentando se dar bem em cima do outro.

Dae vem a relação com a abertura... Se você reparar bem.. a abertura faz uma analogia de Lucy com uma santa, a qual só pode ser entendida no ultimo capítulo. Pois Lucy aguentou muita dor, e mesmo assim continuou tentando viver, era um ser inocente, mesmo quando matava os outros não era por maldade, e sim para se defender... garantir que sua existencia continuaria... (tanto quando matava guaras ou matava pessoas para ter comida e abrigo), sem contar que era uma pequena criança e sua mente não via as relações humanas tão ocmplexamente.

Como todo bom anime japonês tratou muito bem de tems psicológicos como traumas, etc...

é isso, depois add no msn eu ae para coversar mais, gosto de falar sobre elfen, notei e percebi várias coisas sobre ele q o tornam mais complexo ainda, mas não vou ficar dissertando sobre isso, e minha conclusão foi que não é um anime bom para se ver antes dos 25 anos... pois exige muitqa maturidade para entende-lo 100%, e muitas pessoas demoram muito para amadurecer.

rafaellinkfox@hotmail.com